Fabíola Cidral é âncora do programa CBN São Paulo e do Caminhos Alternativos |
Sorte, foco, determinação e um toque do destino. Querer muitas vezes é poder sim, principalmente se lutarmos por nossos ideais, fazer com que o impossível torne-se possível. Já dizia o poeta Fernando Pessoa "você é do tamanho dos seus sonhos". Foram esses ventos que tornaram possível que uma criança curiosa de Santos, se tornar uma referência feminina no jornalismo de rádio.
Quais foram os motivos que te fizeram cursar jornalismo?
Na verdade eu sempre fui uma pessoa muito curiosa sabe, com a vida como um todo. Eu sempre gostei muito de contar histórias e de ouvir histórias.No jornalismo para mim a essência é essa, contar e ouvir histórias. Acho que a base do jornalismo é isso, contar histórias de vidas e ouvir histórias de vidas. É o que eu mais gosto na vida, desde pequenininha sempre gostei muito disso, esse deve ter sido o maior impulso para escolher o jornalismo.
Um dos momentos mais marcantes da vida de um universitário é o TCC. Qual foi o tema do seu?
Eu fiz um programa de rádio no meu TCC. Na minha faculdade a gente podia escolher fazer um programa de rádio, de TV, ou escrever um TCC. A gente fez um programa de rádio que misturava entretenimento com jornalismo. Para mim não foi tão doloroso fazer esse programa não, foi bem gostoso. Era um programa de uma hora, que a gente levou uma banda, conversamos com a banda, depois fomos para as ruas fazer perguntas para as pessoas. Foi um programa de rádio bem tradicional de certa maneira.
Quando foi que você começou a unir teoria ensinada em sala de aula, com a prática da profissão? Quero dizer quando foi o seu primeiro estágio?
Foi durante a faculdade quando eu estava no segundo ano, eu já queria trabalhar de qualquer maneira. Queria muito ir para a prática, e então eu comecei a ver alguns lugares que eu pudesse escrever, fazer alguns freelas, daí eu comecei a trabalhar num jornal pequenininho de esportes. Logo na sequência quando eu conheci o dono desse jornal de esporte, ele trabalhava num jornal um pouco maior em Santos, e me convidou para trabalhar lá. Para mim sempre foi fundamental reunir teoria com a prática. Eu acredito que jornalismo é isso, muita prática. A teoria faz parte da vida como um todo. Você tem que vir com uma bagagem, você tem que buscar uma bagagem ao longo da sua carreira, o tempo inteiro. Desde o segundo ano da faculdade eu já trabalhava, pulando de um jornal pro outro, sempre trabalhando junto com a faculdade.
Você trabalhou por vários lugares, dá para perceber bem essa questão de versatilidade no seu histórico profissional. A gente ouve muito falar em sala de aula, que “todo mundo tem que conhecer os dois lados do balcão" no jornalismo. Isso é verdade?
Eu não tive uma experiência com assessoria de imprensa, não sei se eu fui para o outro lado do balcão (risos). A versatilidade hoje mais do que nunca é essencial nos vários veículos. Por exemplo, eu trabalho em rádio, a gente faz vídeo, a gente faz texto porque trabalha com blog, a gente coloca conteúdo no facebook, então usa a internet o tempo inteiro. Você escreve, você fala e você faz vídeo. Isso tudo ao mesmo tempo. Então a versatilidade nesse ponto é fundamental. Não sei, se para você ser repórter precisa ser assessor de imprensa. Eu não vejo essa necessidade, acho ao contrário mais importante ainda. Para você ser um bom assessor de imprensa, é preciso que tenha passado por uma reportagem, para saber como funciona do outro lado. Para você conseguir até emplacar as pautas e fazer uma boa assessoria. Agora para o jornalista, repórter, eu não sei qual é a necessidade de ter passado por uma assessoria de imprensa. Eu não tive essa experiência, e não sinto falta sinceramente.
A maneira que você começou a trabalhar na rádio CBN é muito curiosa... Você mandou um email pro Heródoto, falando que era seu sonho trabalhar na CBN, e que inclusive você já trabalhava com rádio. Então foi até a rádio, fez um teste e passou. Foi isso mesmo que aconteceu Fabíola? Então você está realizando um sonho?
Foi isso mesmo, muito legal. Eu sempre gostei muito de bolar programas de rádio. Eu gosto de escrever roteiros, criar programas, boletins. Isso me move muito. Assim que eu saí da faculdade, eu fiz um projeto de rádio e saí batendo de rádio em rádio para vender esse projeto. Aí e consegui numa rádio em Santos, chamada Litoral FM, eu tive um programa feminino que se chamava "Atraente". Lá eu tive uma experiência maravilhosa e percebi que eu amava aquilo que eu fazia. O rádio para mim era uma coisa muito importante, muito forte. É onde eu me realizava profissionalmente e pessoalmente também. Quando eu vim para São Paulo, eu procurava trabalhar numa rádio legal. Foi ai que eu mandei um email pro Heródoto, sonhando sabe. Eu pensava assim “nunca que ele vai me responder”, e ele respondeu. Contei um pouco da minha história, que eu tinha um programa de rádio em Santos, que meu sonho era trabalhar na CBN. Ai ele respondeu “vem aqui conhecer a rádio, conversar comigo”. Deixei meu currículo lá e mesmo assim fiquei pensando “não vai rolar, ele não vai me chamar”, e no mesmo dia, quando eu estava saindo de lá, meu celular tocou. Me chamaram para fazer um teste lá, e foi assim que eu acabei entrando. Uma sorte bem grande, um grande sonho que foi realizado.
No programa Caminhos Alternativos , que você apresenta com a Petria Chaves, qual é a essência do programa? Que mensagens e sensações vocês querem passar?
Caminhos Alternativos é assim, o nosso objetivo é falar sobre a vida. O quanto é bom e o quanto é difícil viver na sua plenitude. O programa começou de uma conversa entre eu e a Petria, muito insatisfeita com essa forma de como é feito o jornalismo tradicional. Só essas notícias ruins, algo que não estimule o crescimento pessoal, que não estimule o desenvolvimento das mentes, e uma busca de uma vida melhor. Daí a gente estava conversando, "e se a gente fizesse um programa que pudesse discutir tudo isso economia, política, alimentação, esportes, enfim. Só que com um outro olhar." Numa tarde, a gente desenhou o programa "Caminhos Alternativos", escrevemos o roteiro dele. Explicamos que o programa não seria aquela coisa clichê, vamos querer vivenciar isso, experimentar. Então o ponto de partida foi isso, um jornalismo experimental, vivencial mesmo. Essa é a ideia do Caminhos, tudo que a gente fala, a gente faz. Mostramos o quanto é difícil emagrecer, fazer uma atividade física, você transformar a sua vida em algo melhor. Essa é a mensagem que a gente quer passar, é difícil, mas é bom. Estamos fazendo isso com vocês ouvintes. Esse é o recado do Caminhos sabe, vamos tentar olhar o que é bom e vamos atrás disso.
De todas as edições do programa Caminhos Alternativos que você apresentou até agora, qual foi o que mais te marcou?
A primeira reportagem que eu fiz do Caminhos, foi algo muito marcante. Eu fiz uma reportagem sobre os freegans, um grupo de jovens que busca a sustentabilidade, que buscam viver meio que dos restos para poder reaproveitar tudo. Eles vivem numa casa em São Bernardo, lá é uma comunidade que eles dividem tudo. Na sexta-feira fazem um almoço de graça, com a xepa da feira que fica na porta da casa. Ai eu fui com eles fazer essa experiência. Eles vão na xepa, pega tudo que tá caído no chão e voltam em casa para fazer um almoço com aquilo. Foi uma experiência muito rica no começo do Caminhos, era realmente aquilo que a gente estava buscando reaproveitar mais a vida como um todo. Fui para a rua, peguei folha de beterraba, laranja que estava furada, fomos para a casa e fizemos um almoço delicioso com todos os restos. Aprendi muito, essa primeira matéria foi muito representativa para mim, era o foco mesmo que a gente queria dar para o programa.
Teve outro também que eu fiz com a Petria, uma reportagem de olhos vendados foi muito marcante. A gente entrevistou uma pessoa de olhos vendados, para ter aquela experiência mesmo de você sentir mais a vida, e não só enxergar. Essa foi uma experiência muito forte.
Qual conselho você deixa para todos estudantes e focas no jornalismo?
Que difícil (risos), eu acho que nunca ter preguiça. Vejo muitas pessoas com preguiça de fazer diferente, preguiça de transformar. Nunca perder de vista o nosso sonho, nosso ideal. Acreditar que é possível sim mudar, não aceitar essa onda de “boa vida”, ou “azar” que a gente vê no jornalismo. Sempre fazer as coisas com a verdade, com a sinceridade. Esse é o foco da minha vida, quando você vai fazer uma entrevista, uma reportagem, você tentar estar lá íntegro, por inteiro. Com as coisas que você acredita, para questionar você mesmo e ao próximo. Talvez sejam esses os principais conselhos que eu possa dar.
Para terminar, Fabíola me fala, qual é o seu caminho alternativo para ser feliz?
O meu caminho alternativo? Boa (risos). Eu e a Petria temos conversado bastante sobre isso, que a gente não acredita que exista alternativo, existe o caminho. Acho que é isso que eu sigo, não existe o alternativo, existe o meu caminho que é cada vez mais a minha integridade. O caminho da sinceridade, cada vez mais tentar ser sincero a cada minuto, com você mesma e com quem está do seu lado. Não tem alternativa a sinceridade. Então o caminho é só um, é esse. O único.
Entrevista feita por telefone
Por Regine Wilstom
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