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segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Repaginação do Jornalismo

A produção das notícias está em franco processo de repaginação, a partir da porosidade entre leitor, jornalista e fonte como instâncias de enunciação, onde processos que escapam às redações profissionais efetivamente se inserem no circuito da notícia. Trata-se, do ponto de vista puramente jornalístico, de uma mudança por justaposição de procedências e adoção de novos formatos de notícias que passam a ser aceitos e praticados também no âmbito das redações profissionais.

É este cenário que permite cogitar que mensagens sumárias como as divulgadas pelo Twitter, por exemplo, possam ser consideradas notícias; inclusive porque se aproximam do formato sintético das notícias radiofônicas ou das manchetes dos jornais. Cumprem a mesma função informativa dosteasears e dos títulos: buscam captar a atenção, direcionar e fomentar a leitura da matéria na íntegra, através do simples clique no link de um tweet. Isso não significa que o jornalismo possa ser exercido em apenas 140 caracteres. Trata-se, antes, de um sistema de seleção e filtragem de conteúdo; que se soma a outros três vieses: como espaço de atuação, como fontes para pautas e como feedback e/ou caixa de ressonância das notícias.

Como fonte para novas notícias, amplia-se exponencialmente o acesso a dados ou informações que podem virar notícias. Como espaço de atuação, observa-se que também os veículos de referência têm investido fortemente na utilização do Twitter. O portal G1, a revista Veja e os jornais impressos diários aparecem nas pesquisas como os que mais enviam tweets como forma de atrair leitores para a íntegra das matérias disponibilizadas nos respectivos sites. São apenas superados pelos jornalistas-colunistas-blogueiros, recordistas como grandes disponibilizadores de notícias em 140 caracteres, o que apenas reforça que os meios tradicionais também buscam sua inserção na lógica interna das micromídias.

É importante salientar, contudo, que não é a ferramenta utilizada que configura o modelo de jornalismo e, sim, o seu contrato de comunicação com o leitor, já que esse define as características do discurso. Não é por utilizar uma ferramenta que surgiu como mídia social e que foi inicialmente utilizada apenas por usuários que o jornalismo das redações se torna menos consolidado. O que se percebe claramente é que no jornalismo líquido surgem variados modelos de construção de conteúdo, onde o reaproveitamento, a re-mistura e a combinação dos dados disponíveis em sites e mídias diversas circulam intensamente, sejam esses profissionais ou amadores. E isso acarreta um novo desafio também para as empresas consolidadas: já não basta mais publicar uma notícia, ela precisa ser recomendada, filtrada, retuitada. É um processo que propicia uma sucessão de mediações e reenquadramentos da notícia original. No jornalismo líquido, o binômio emissor-receptor tem menos relevância do que a dinâmica da circulação pelo tecido social.

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