home historia Infojorn radio video olharsocial equipe

segunda-feira, 11 de maio de 2015

A Guerra das Canetas


O livro "Eu sou Malala" possui uma linguagem fácil e direta, o que torna sua leitura muito agradável. Em um tom quase que confessional, a autora nos mostra sua luta, paixões e erros. Malala é o Gandhi da educação que acredita que podemos mudar o mundo com canetas ao invés de armas.

Não é apenas a história de uma garota que foi baleada em sua luta pela educação. Malala nos leva a sua pátria com seus relatos apaixonados por seu vale (Swat) e seu povo. Nos conta a história e as lendas de seu povo como se fossem uma só coisa, um relato de um ponto de vista local.

O nome do livro vem de uma petição de Gordon Brown, enviado especial de educação pela ONU, sob o slogan “Eu sou Malala”, que exige que não seja negada escola a nenhuma criança a partir de 2015, apesar do foco desse “jornalismo literário/autobiográfico” ser a vida e luta de sua família contra a ignorância de seus conterrâneos. A narrativa também nos conscientiza contra a islãmofobia, muito comum hoje em dia devido ao extremismo de alguns islâmicos.

O livro se inicia de maneira trágica com o relato do dia em que ela sofreu o ataque do talibã. Após sua provável morte vem o conto do nascimento de sua amada nação. Uma amostra de que mesmo tendo sofrido tanto ajudando na alfabetização de sua nação, ela continua amando seu país e que ainda há muito a ser percorrido no combate à ignorância.

A história do Paquistão é apresentada de uma forma bem dinâmica, se alterando entre fatos, curiosidades e lendas. Como o fato de seu nome vir de Malalai, uma heroína que é como a Joana d’arc dos pachtuns (tribo da Malala). E de que “Alguns religiosos viam Osama Bin Laden como um herói. Era possível comprar pôsteres e caixas de doces com a imagem dele no mercado.”

É confuso e controverso o fato de no subtítulo da capa estar escrito “A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã” sendo que o livro se finaliza com a seguinte frase... “Quando me falam do que aconteceu, da maneira como fui baleada, penso que se trata da história de Malala, “a menina que foi baleada pelo Talibã”. Não sinto que se trate de uma história sobre mim.”

Há uma breve narrativa sobre seus familiares, com um grande destaque para seu pai, pois Malala só escreveu um livro porque seu pai “escreveu” Malala. Ele é um grande homem que lida com tudo de modo racional e pacífico e ainda por cima cumprindo a dureza do alcorão com destreza. Um grande exemplo para filha e todo ser humano.

Mesmo passando necessidades ou sem dinheiro algum, os familiares de Malala sempre ajudaram seus vizinhos. Chegavam a dar vagas de graça em sua escola, mesmo devendo o aluguel, e como disse o profeta: “Nada melhor pode dar um pai a seu filho do que uma boa educação.” Um exemplo de protesto pacífico e de que podemos mudar o mundo aluno por aluno.

Não atoa, Malala foi a candidata mais jovem da história a concorrer ao prêmio Nobel da paz. A obra é leitura obrigatória para quem deseja conhecer a realidade do Oriente Médio, de um modo menos ocidentalizado e mais pessoal.

Eu sou Malala, Malala Yousafzai e Christina Lamb (Companhia das letras; 342 páginas)


Nenhum comentário:

Postar um comentário