Assis Chateaubriand |
Chateaubriand foi um magnata das comunicações no Brasil entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1960, dono dos Diários Associados, que foi o maior conglomerado de mídia da América Latina, que em seu auge contou com mais de cem jornais, emissoras de rádio e TV, revistas e agência telegráfica.
Figura polêmica e controversa, odiado e temido, já foi chamado de Cidadão Kane brasileiro, acusado de falta de ética por supostamente chantagear empresas que não anunciavam em seus veículos e por insultar empresários com mentiras, como o industrial Francisco Matarazzo Júnior. Seu império teria sido construído com base em interesses e compromissos políticos.
A ética quase nunca constava em sua estratégia empresarial: publicava poesias dos maiores anunciantes nos diários e mentia descaradamente para agredir os inimigos. Farto de ver o nome na lista de insultos, o industrial Francisco Matarazzo ameaçou "resolver a questão à moda napolitana: pé no peito e navalha na garganta". Chateaubriand devolveu: "Responderei com métodos paraibanos, usando a peixeira para cortar mais embaixo".
Caracterizou-se, muito embora fosse um representante típico da burguesia nacional emergente da época, pelas posturas pró-capital estrangeiro e pró-imperialismo, primeiro o britânico, depois o americano. Ele teria uma vez dito que o Brasil, perante os EUA, estava na condição de uma "mulata sestrosa" que tinha de aceder às vontades dos seu gigolô.
Com o tempo, Chateaubriand deu menos importância aos jornais e focou em novas empreitadas, como o rádio e a televisão. Pioneiro na transmissão de televisão brasileira, cria a TV Tupi, em 1950. Trabalha até o final da vida, mesmo depois de uma trombose, que o deixou paralisado e capaz de comunicar-se apenas por uma máquina de escrever adaptada.
Em 68, morria Chatô, velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Ticiano e um nu de Renoir, simbolizando as três coisas que mais amou na vida: O poder, a arte e a mulher pelada. Morreu também seu império, e deu lugar ao reinado de Roberto Marinho.
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