A autobiografia de Samuel Wainer
é dividida em duas partes, antes de Última Hora e depois do Última Hora. Em A.UH,
Samuel nos conta sua trajetória como jornalista de guerra, correspondente
internacional, experiências e seu importantíssimo relacionamento com Getúlio
Vargas. Apesar de ser um grande livro reportagem sobre a vida, Wainer conta sua
historia de uma forma tão coesa e corrida que fica difícil acreditar na veracidade
dos acontecimentos narrados.
No inÍcio da carreira, o profissional
trabalhou para Chateaubriand nos Diários Associados e para Roberto Marinho como
jornalista e correspondente do O Globo. Em 1938, Wainer e Azevedo Amaral fundaram a revista Diretrizes,
que foi o primeiro periódico semanal brasileiro de tendência política
claramente de esquerda. O veículo conseguiu realizar a proeza de sobreviver
durante quase todo o Estado Novo, embora fizesse oposição à ditadura Vargas. Na
revista, trabalharam nomes importantes como Jorge Amado, Graciliano Ramos e
Carlos Lacerda, futuro “arqui-inimigo” de Samuel.
Em 1950,
Wainer foi enviado ao Rio Grande do Sul pelo Diários Associados para cobrir uma
matéria sobre a cultura de trigo no Rio Grande do Sul, porém, ele decidiu dar
uma “passadinha” na fazenda de Getúlio, mesmo censurado por seus colegas lhe
dizendo que o ex-Ditador não iria recebe-lo. Wainer insistiu na visita que
acabou sendo bem sucedida, e ele foi o primeiro jornalista a anunciar a
provável volta de Vargas ao poder.
Dessa
relação com Getúlio, anos depois a pedido do presidente, foi criado o Última
Hora Carioca. A Razão de viver de Samuel Wainer. O UH foi revolucionário,
primeiro jornal brasileiro a montar uma cadeia de jornais nacionais
efetivamente homogênea. Os produtos foram implantados em sete cidades: Rio, SP,
Porto Alegre, Niterói, BH e Recife, e tinham o mesmo título em todas áreas,
além de uma linha editorial idêntica em varias redações.
Certa vez, Euvaldo
Lodi (um dos colaboradores na elaboração da constituição brasileira de 1934 e fundador do SENAI e do SESI) disse que “Wainer é o único jornalista capaz de fazer um
jornal que é capitalista no primeiro caderno e comunista no segundo.” Se quer
saber mais sobre a historia do jornalismo brasileiro e principalmente sobre a
trajetória desse grande jornalista, não deixe de ler “Minha razão de viver”.
Minha razão de viver - Memórias de um Repórter, Samuel Wainer (Planeta, 366 páginas)
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