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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O profeta da Bessarábia

A autobiografia de Samuel Wainer é dividida em duas partes, antes de Última Hora e depois do Última Hora. Em A.UH, Samuel nos conta sua trajetória como jornalista de guerra, correspondente internacional, experiências e seu importantíssimo relacionamento com Getúlio Vargas. Apesar de ser um grande livro reportagem sobre a vida, Wainer conta sua historia de uma forma tão coesa e corrida que fica difícil acreditar na veracidade dos acontecimentos narrados.
            
No inÍcio da carreira, o profissional trabalhou para Chateaubriand nos Diários Associados e para Roberto Marinho como jornalista e correspondente do O Globo. Em 1938,  Wainer e Azevedo Amaral fundaram a revista Diretrizes, que foi o primeiro periódico semanal brasileiro de tendência política claramente de esquerda. O veículo conseguiu realizar a proeza de sobreviver durante quase todo o Estado Novo, embora fizesse oposição à ditadura Vargas. Na revista, trabalharam nomes importantes como Jorge Amado, Graciliano Ramos e Carlos Lacerda, futuro “arqui-inimigo” de Samuel.        

Em 1950, Wainer foi enviado ao Rio Grande do Sul pelo Diários Associados para cobrir uma matéria sobre a cultura de trigo no Rio Grande do Sul, porém, ele decidiu dar uma “passadinha” na fazenda de Getúlio, mesmo censurado por seus colegas lhe dizendo que o ex-Ditador não iria recebe-lo. Wainer insistiu na visita que acabou sendo bem sucedida, e ele foi o primeiro jornalista a anunciar a provável volta de Vargas ao poder.     

Dessa relação com Getúlio, anos depois a pedido do presidente, foi criado o Última Hora Carioca. A Razão de viver de Samuel Wainer. O UH foi revolucionário, primeiro jornal brasileiro a montar uma cadeia de jornais nacionais efetivamente homogênea. Os produtos foram implantados em sete cidades: Rio, SP, Porto Alegre, Niterói, BH e Recife, e tinham o mesmo título em todas áreas, além de uma linha editorial idêntica em varias redações.
            
Certa vez, Euvaldo Lodi (um dos colaboradores na elaboração da constituição brasileira de 1934 e fundador do SENAI e do SESI) disse que “Wainer é o único jornalista capaz de fazer um jornal que é capitalista no primeiro caderno e comunista no segundo.” Se quer saber mais sobre a historia do jornalismo brasileiro e principalmente sobre a trajetória desse grande jornalista, não deixe de ler “Minha razão de viver”.

Minha razão de viver - Memórias de um Repórter, Samuel Wainer (Planeta, 366 páginas)


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