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domingo, 7 de fevereiro de 2016

Jornalismo, guerra, amor e tortura

Sabe aqueles livros que te deixam com vontade de viver o jornalismo 24 horas por dia? É o caso de "Dias de Inferno na Síria", do jornalista Klester Cavalcanti. Vencedor do prêmio Jabuti de 2013, o livro é um relato do jornalista brasileiro que foi preso e torturado em plena guerra da Síria.

Em março de 2011, a Síria mergulhava em uma guerra civil que assombraria o mundo. No ano seguinte já haviam cerca de 20 mil pessoas mortas no conflito e quase 1,5 milhão de sírios refugiados em países vizinhos, principalmente na Turquia e no Líbano. Em maio de 2012, a cidade mais afetada era Homs, as forças do ditador Bashar al-Assad realizavam ataques diários à cidade. E foi desafiando o Governo Sírio que Klester decidiu ir até Homs para registrar o que realmente estava acontecendo, o que nenhum jornalista até então havia feito.

Desde as primeiras páginas, o sahafi (jornalista em árabe), nos traz um relato revelador sobre a guerra na Síria. Uma cobertura incrível, cheia de tentativas malsucedidas, ameaças, algemas, torturas e medo. "De repente, ouvi um estrondo, como se fosse um tiro. Estou morto? Foi tão rápido que nem senti a bala perfurar minha cabeça? Nada disso. Eu havia batido com a testa numa porta de ferro que ia do teto ao chão, no fim da escadaria. Abri os olhos. Estranhamente, cheguei a desejar que o rapaz de agasalho Adidas tivesse puxado o gatilho do seu fuzil. Ao menos, eu saberia que toda aquela agonia teria chegado ao fim. Mas meu inferno na Síria estava apenas começando".

A penúria de seis dias enjaulado, em condições precárias, o leva ao desespero. A ponto de desejar a própria morte. Mas a perspectiva que Klester teve da guerra foi inédita e conquistou meu coração. O livro te leva para dentro da guerra, proporciona uma visão nunca  tida antes, a empatia por algumas vítimas e até com os algozes do conflito ganham uma dimensão enorme que nos faz refletir sobre dor, tolerância, amizade, amor e fé.

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