Ao rebater a grande mídia americana com relação a informação de que o número de pessoas presentes na posse de Donald J. Trump em comparação à cerimônia de Barack Obama foi menor, Kellyanne Conway, assessora do governo declarou que tal afirmação era um fato alternativo.
Mas afinal de contas o que seriam “fatos alternativos”? E em que ponto poderiam causar algum impacto no jornalismo do século XXI?
Mas afinal de contas o que seriam “fatos alternativos”? E em que ponto poderiam causar algum impacto no jornalismo do século XXI?
Presidente americano Donald J. Trump durante um de seus inflamados discursos. |
Comecemos com as definições, o termo aparece pela primeira vez no livro 1984, obra de George Orwell que retrata um governo autoritário que através do controle de informações, tanto do passado como do presente, mantem-se no poder. A noção de fatos alternativos está diretamente ligada a outro termo do livro, o duplipensar, que nada mais é que a capacidade de acreditar que duas ideias totalmente contrárias sejam realidade. Fotografias e depoimentos de jornalistas que estiveram presentes no local comprovam que o contingente na cerimônia da posse era pequeno, porém porta-vozes do governo esbravejam em todas as direções e insistem em afirmar o contrário, temos um exemplo básico do duplipensar.
Vivemos o que alguns especialistas chamam de “era da pós-verdade”, ou seja, uma realidade onde o que importa não é a veracidade do fato em si, mas sim a propagação maciça que recebe. Aquele que gritar mais alto e com maior alcance pode ser tomado como arauto da verdade. As redes sociais tiveram participação no desenvolvimento de um pensamento típico do homem do século XXI, aquilo que vai de encontro aos meus interesses é verdade, aquilo do que discordo é “fato alternativo”.
Tal fenômeno acaba por tirar a credibilidade da mídia como fonte de informação das pessoas, culmina na propagação das chamadas fake news e mascara uma espécie de censura e guerra velada a imprensa. Ora, se um líder mundial tem o poder de desmentir os principais veículos comunicacionais com a rapidez de um piscar de olhos vive-se uma escancarada ditadura informacional, um controle cada vez maior sobre o povo e por fim a progressiva destruição da oposição, base da democracia.
Em meio a esse bate e volta de informações entre mídia e agentes governamentais quem perde é o público, que passa a confiar cada vez menos nas notícias divulgadas pelos meios tradicionais e por muitas vezes toma por fato informações falsas divulgadas apenas como artifício de manutenção do poder.
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