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Depois de indas e vindas, de tantas lutas que pareciam não ter fim, finalmente uma glória, por assim dizer a nossa própria vitória. O plenário do Senado aprovou numa terça-feira (7) a proposta de emenda constitucional que estabelece a exigência do diploma do curso superior em Jornalismo como requisito para o exercício da profissão de jornalista. Desde então, manifestações de aprovação (alegria e satisfação) e de indignação tem se espalhado em opiniões distintas entre vários profissionais do mercado. O texto da jornalista Lúcia Guimarães no jornal Estadão, causou muita polêmica e discordância entre estudantes, professores e os próprios jornalistas.
Alguns trechos do texto:
Abaixo o diploma de jornalismo
Só fui boa aluna até
o fim do segundo grau. Faltava muito à aula na faculdade porque já trabalhava
como repórter. Aprendi o ofício na redação.Obrigar o jornalista a ter
diploma de jornalismo é como obrigar um cantor a tomar aula de voz antes de
cantar no palco, uma violação da liberdade de expressão. Não que uma boa escola
de jornalismo seja inútil, pelo contrário, a da Columbia University, aqui
perto, é uma usina de grandes profissionais. Mas é uma escola de pós-graduação,
você só é aceito se já escrever num nível cada vez mais raro na nossa imprensa.
Não compreendo por que um graduado em economia que escreve bem seria impedido de cobrir o Banco Central e substituído por um foca que pode ser facilmente enrolado, já que não decifra a informação financeira. Não fui capaz de questionar porta-vozes do governo quando tive que substituir colegas na cobertura da negociação da dívida externa em Nova York. Não entendia bulhufas dos comunicados.
O jornalismo é um bem social importante demais para ficar nas mãos de jornalistas diplomados. (...) Para ler o texto na íntegra clique aqui abaixo-o-diploma-de-jornalismo
Conversei com alguns professores e profissionais da area para saber suas respectivas opiniões não só sobre a volta do diploma, como também suas observações sobre esse texto. Recebi as seguintes respostas:
Não compreendo por que um graduado em economia que escreve bem seria impedido de cobrir o Banco Central e substituído por um foca que pode ser facilmente enrolado, já que não decifra a informação financeira. Não fui capaz de questionar porta-vozes do governo quando tive que substituir colegas na cobertura da negociação da dívida externa em Nova York. Não entendia bulhufas dos comunicados.
O jornalismo é um bem social importante demais para ficar nas mãos de jornalistas diplomados. (...) Para ler o texto na íntegra clique aqui abaixo-o-diploma-de-jornalismo
Conversei com alguns professores e profissionais da area para saber suas respectivas opiniões não só sobre a volta do diploma, como também suas observações sobre esse texto. Recebi as seguintes respostas:
“O jornalista é um profissional
que lida com informações que podem alterar as vidas das pessoas. Afirmar que o
diploma de jornalismo é contrário à liberdade de expressão é uma falácia, uma vez que nem os jornais nem outros veículos de comunicação vão deixar qualquer pessoa transmitir informações. Dizer que qualquer um pode
escrever na mídia é restringir a atuação do jornalista à redação de textos. Ele
é um profissional que seleciona, verifica a autenticidade e prepara a
informação para ser veiculada.” (Roberto Elísio dos
Santos é jornalista, publicitário, mestre, professor e doutor em Ciências da
Comunicação).
“Tenho posição firmada em favor da obrigatoriedade do diploma de jornalista. Li o artigo da Lúcia Guimarães e penso que, por ela viver a muitos anos longe do Brasil, perdeu um pouco do senso sobre nossa realidade. O argumento fundamental contra o diploma me parece muito vago: atropela a liberdade de expressão. Alguns mencionam também que o dom de escrever nasce com o indivíduo e que a limitação agride a liberdade. Ao meu ver ser jornalista não é apenas dispor do dom de escrever ou manifestar-se pela mídia eletrônica. Exige-se muito mais: saber editar, selecionar, apurar, ponderar, respeitar, diagramar, resumir, coordenar, chefiar, ter ética, e assim por diante.” (Moisés dos Santos é jornalista, especialista, professor e mestre em Ciências da Comunicação).
“Eu sempre fui contra a não obrigatoriedade do diploma para não desmerecer e desvalorizar a profissão, no entanto, após ler esse texto da Lúcia Guimarães, começo a repensar minha posição, pois ela tem razão quanto ao nível das faculdades. Isso acontece porque faculdade virou “boteco”, tem uma em cada esquina e isso fez cair o nível de ensino. Vendo pelo lado do conhecimento específico, ela tem razão quando diz que um economista deve saber muito mais sobre economia que um jornalista. Isso depende, é claro, da busca constante do aprendizado. Como disse, começo a repensar minha posição. Agora não sei se sou contra ou a favor. Acho que preciso fazer uma reflexão maior a respeito, pois há os dois lados.” (Vado Cristofali é jornalista e assessor de imprensa).
“A volta do diploma para profissionais de jornalismo é polêmica mesmo. A Lúcia Guimarães tem razão em várias afirmações e escorrega em outras. Eu sou diplomado e peguei o canudo depois de sete anos de redação. Foi importante como convivência acadêmica e de lá tirei coisas que levei para meus textos e apurações que realizei ao longo do tempo. Hoje qualquer um abre um site ou blog, passa a mão no tablet, na câmera do celular e sai pra coletiva ou para a mina de ouro de informação que é uma grande cidade como São Paulo. Pronto. A matéria está feita, seja através de um diplomado ou não.” (Guido Orlando Júnior é publicitário e jornalista especializado em tecnologia).
“Tenho posição firmada em favor da obrigatoriedade do diploma de jornalista. Li o artigo da Lúcia Guimarães e penso que, por ela viver a muitos anos longe do Brasil, perdeu um pouco do senso sobre nossa realidade. O argumento fundamental contra o diploma me parece muito vago: atropela a liberdade de expressão. Alguns mencionam também que o dom de escrever nasce com o indivíduo e que a limitação agride a liberdade. Ao meu ver ser jornalista não é apenas dispor do dom de escrever ou manifestar-se pela mídia eletrônica. Exige-se muito mais: saber editar, selecionar, apurar, ponderar, respeitar, diagramar, resumir, coordenar, chefiar, ter ética, e assim por diante.” (Moisés dos Santos é jornalista, especialista, professor e mestre em Ciências da Comunicação).
“Eu sempre fui contra a não obrigatoriedade do diploma para não desmerecer e desvalorizar a profissão, no entanto, após ler esse texto da Lúcia Guimarães, começo a repensar minha posição, pois ela tem razão quanto ao nível das faculdades. Isso acontece porque faculdade virou “boteco”, tem uma em cada esquina e isso fez cair o nível de ensino. Vendo pelo lado do conhecimento específico, ela tem razão quando diz que um economista deve saber muito mais sobre economia que um jornalista. Isso depende, é claro, da busca constante do aprendizado. Como disse, começo a repensar minha posição. Agora não sei se sou contra ou a favor. Acho que preciso fazer uma reflexão maior a respeito, pois há os dois lados.” (Vado Cristofali é jornalista e assessor de imprensa).
“A volta do diploma para profissionais de jornalismo é polêmica mesmo. A Lúcia Guimarães tem razão em várias afirmações e escorrega em outras. Eu sou diplomado e peguei o canudo depois de sete anos de redação. Foi importante como convivência acadêmica e de lá tirei coisas que levei para meus textos e apurações que realizei ao longo do tempo. Hoje qualquer um abre um site ou blog, passa a mão no tablet, na câmera do celular e sai pra coletiva ou para a mina de ouro de informação que é uma grande cidade como São Paulo. Pronto. A matéria está feita, seja através de um diplomado ou não.” (Guido Orlando Júnior é publicitário e jornalista especializado em tecnologia).
"Não acredito que, na essência, diploma seja totalmente determinante para o exercício do jornalismo, afinal, a profissão está muito mais ligada a talento e feeling do que burocracias. Mas vejo, claro, a faculdade como um momento importantíssimo que agrega conhecimento teórico, possibilidades de exercitar os conhecimentos na prática e como o primeiro contato quase que direto com a profissão." (Danilo Gonçalves é jornalista e bloggueiro). Caros leitores, estudantes, professores e profissionais da area: O que pensam, sentem e acham sobre a tão polêmica volta do diploma?
Por Regine Wilstom
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