"A função de um RP na empresa é a de servir café." Brincadeiras como essa mistificam uma profissão que era tratada com desdém até a década de 80, quando a greve dos jornalistas de São Paulo deixou muitos profissionais desempregados, que procuraram na assessoria de imprensa a solução para o desemprego.
A preocupação das empresas com sua reputação tem elevado a importância dos profissionais de Relações Públicas. A valorização das redes sociais fez crescer ainda mais o papel do RP dentro da empresa, já que ele é responsável por criar relacionamentos e monitorar e gerir a comunicação corporativa.
O mercado de Relações Públicas é amplo, pois possibilita que o profissional trabalhe com eventos, com comunicação pública, assessoria de imprensa e comunicação interna. Nestas duas últimas, os RPs "disputam" vaga com jornalistas, que também atuam nessa área. Essa convergência criou uma rivalidade entre os dois tipos de profissionais?
A função do jornalista, em sua essência, é tornar possível o exercício do direito à informação por meio da difusão de informações importantes e verdadeiras. Esse é, inclusive, o objetivo dos cursos de Jornalismo: formar profissionais para informar à sociedade. Os profissionais de RP têm outro tipo de formação totalmente voltada à comunicação empresarial e à preocupação em preservar a imagem do cliente. Por que essa rixa então?
Formado em RP e Jornalismo, o coordenador do curso de Relações Públicas da Faculdade Cásper Líbero, Luiz Alberto de Farias, acredita que essa rivalidade existe por causa do mercado: "A disputa existe. É histórica e motivada, dentre outras coisas, por questões de mercado e de empregabilidade", afirma.
A professora de Relações Públicas, Viviane Regina Mansi, completa essa ideia afirmando que "há disputa de mercado nessas áreas sim porque a formação de ambos permite executar um trabalho de qualidade no ambiente de trabalho".
Larissa Mello Fabião, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero e estagiária em uma empresa de Comunicação Interna, defende que há uma carência de conteúdo corporativo no curso. "As faculdades de jornalismo deveriam se adaptar e incluir em seu currículo aulas de assessoria de imprensa e de comunicação corporativa", afirmou a estudante que diz não sentir rivalidade entre RPs e jornalistas tanto no ambiente acadêmico quanto no profissional.
No Brasil, jornalistas e RPs atuam em comunicação empresarial e não vão abrir não de ter essa "fatia" do mercado principalmente porque a área está em ascensão e os veículos de comunicação enfrentam crises.
Jornalista e professor da Faculdade Cásper Líbero, Hugo Studart acha que esse conflito exista especialmente porque "o jornalista costuma se sentir o rei da cocada preta como se fosse um canivete suíço preparado para jogar em 11 posições".
O estudante de Relações Públicas da Faculdade Cásper Líbero, José Guilherme Florence, discorda e acrescenta "o jornalista acha que consegue realizar o trabalho de RP, mas não é verdade". Nesse sentido, o Professor Luiz Alberto de Farias defende que o espaço da comunicação corporativa não é jornalístico. "O jornalista precisa lembrar que em um campo jornalístico ele deve passar a pensar e a agir com a visão de planejamento e de avaliação da cultura organizacional que fazem parte da filosofia de relações públicas", completa ele.
Graduado em jornalismo e coordenador de atendimento na agência de comunicação empresarial ADS, Rodrigo Fonseca acredita que há uma grande convergência entre funções e espaços de RPs e jornalistas, sobretudo em agências de comunicação.
Igor Fuser, coordenador do curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, ressalta que "não podemos misturar as características essenciais de cada uma dessas duas profissões - totalmente diferentes - com o fato de que muitos jornalistas ao optar por assessoria de imprensa acabam, na prática, exercendo tarefas típicas de RPs."
Na prática, o convívio entre RPs e jornalistas é muito comum no ambiente corporativo e em assessorias de empresa.Viviane diz que o campo de relações públicas é tão vasto que não existe a menor necessidade de disputa de espaço com jornalistas nessa área. Será?
Fonte: Laís Peterlini/Universia Brasil
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