Profissionalismo versátil

O prof. Valdir Boffeti (à esquerda) participa
de banca na USCS (Foto: AJO)

Do interior do Paraná, o jovem morador da cidade de Maringá, com 15 anos já tinha um sonho: queria ser agrônomo. Com a vinda para São Paulo e a influência dos primos, aos 17 pensava em ser engenheiro mecânico. Mas com as mudanças da vida e o acaso, atualmente, Valdir Boffeti é formado em Jornalismo e professor da Escola de Comunicação da USCS, além de dono de uma produtora multimídia.

Como qualquer adolescente da época, chegou a São Bernardo quando a indústria era uma área forte na região, e o mercado de trabalho estava concentrado nos profissionais com cursos técnicos, como mecânica, elétrica e edificações. Pensando no futuro, matriculou-se na ETEC Lauro Gomes e estudou o Ensino Médio e a área de mecânica. "Eu era ótimo em literatura, mas péssimo nas matérias técnicas. Fui vencedor de três prêmios em um concurso literário, e aí decidi que o Jornalismo era realmente o que eu deveria seguir" diz Boffeti.

Boffeti ingressou na faculdade, mas só encontrou trabalho na área administrativa. Com o passar do tempo, foi se dedicando mais à carreira de bancário e chegou a parar o curso na metade. Depois de alguns anos, achou que deveria voltar e se inseriu no mercado de trabalho jornalístico. 

"Voltei aos estudos mais maduro, no inicio dos anos 1990. Meu primeiro emprego foi como assessor de um vereador de São Bernardo. Tive um contato com marketing político, mas ainda não era o que eu queria" comenta. Boffeti ficou sabendo sobre uma vaga para pauteiro na TVT, uma produtora com filial em São Bernardo, e se candidatou, mas ao fazer o teste, a proposta não era bem a que ele esperava. "Na hora me avisaram que a vaga era para repórter. Nunca tinha imaginado trabalhar em televisão, mas aceitei. Ficou horrível, mas no fim, consegui por conta do meu texto, que era bom" relembra o jornalista.

Com o tempo, começou a fazer de tudo, pauta e reportagem. Participava de um programa que era apresentado na porta das fábricas da região do ABC, por um caminhão baú e era visto por milhares de trabalhadores semanalmente.

"Aprendi e errei muito. Senti falta de um editor que ficasse mais no meu pé" disse ao lembrar dos trabalhos na produtora. Em 1994, acompanhou Lula como repórter, em viagens por todo o Brasil, em mais de 600 cidades. Depois fez breve participação em um programa semanal na TV Record, fazendo matérias de cidadania em várias regiões do país, no "Olhar Brasileiro", que durou pouco mais de um ano.

Ao voltar para a TVT, fazia mais a função de roteirista. "Depois de um tempo no mercado você começa a se sentir desafiado a melhorar. Então decidi entrar no mestrado. De começo não era minha intenção dar aulas, mas influenciado pelos colegas, logo acabei me rendendo e acabei dando aula antes de terminar o curso" conta Boffeti.

As aulas fizeram com que os trabalhos na TVT fossem diminuindo, e nesse meio tempo, o jornalista montou sua própria produtora, a Lumiar Multimídia, onde trabalha até hoje. Logo no inicio apareceu um cliente grande, a Prefeitura de Guarulhos. “Hoje me defino como um videojornalista faço mais publicidade do que documentário, mas pretendo investir mais no jornalismo, que é o que gosto de fazer”, explica.

Atualmente, Valdir conta que está cansado e gostaria de um pouco mais de sossego. "Sentia falta de não ter tido uma experiência em uma grande redação, mas hoje estou satisfeito porque a produção independente me rendeu aprendizados em diversas áreas. Agora pretendo reduzir as aulas e me dedicar à minha produtora e minha família".

Com a tecnologia cada vez mais avançada, Valdir destaca a produção de vídeo para plataformas digitais, e ainda afirma que o mercado está muito mais favorável por conta das oportunidades que a web oferece. "Nem podemos mais usar o termo 'telejornal', hoje já se fala em 'videojornal', feito para diversas plataformas digitais". Por fim, deixa uma dica para alunos que estão começando a carreira: "não descarte nenhuma oportunidade", conclui.

(Por Marina Teodoro e Gabriel Nishikata)