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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Um mês com Capote

Viajei no tempo, voltei para a metade do século XX. Gerald Clarke conseguiu criar uma imagem clara do passado, com toda sua glória da Broadway e do mundo pós-segunda guerra mundial. A biografia de Truman Capote é exageradamente coesa e detalhista, mas sem deixar a precisão de lado. O texto é dividido em quatro partes: o início da infância, começo da carreira e seu ápice e declínio de TC. Todas elas se complementam e cada uma nos ajuda a entender a outra.

Já de inicio, Clarke demonstra que muitos dos problemas enfrentados por TC no fim da vida foram causados por recordações ruins da infância. Bem como o abandono sofrido pelos pais e o alcoolismo da mãe, além da rejeição sofrida por ser homossexual e pelo gênio difícil de lidar. Mas nem tudo são problemas, muitos dos abusos sofridos lhe fizeram crescer como ser humano e principalmente como escritor, proporcionando bases para várias narrativas.

Para quem não faz a mínima ideia de quem foi Capote, acredito que o filme mais conhecido dele no Brasil seja Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's), interpretado por Audrey Hepburn. Se você nunca assistiu ao filme, por favor, assista. 

No livro, há varias curiosidades acerca do longa, como por exemplo, o fato de Truman querer que a amiga Marilyn Monroe fizesse o papel de protagonista, mas Hollywood escolheu Audrey em seu lugar, que foi aclamada pela crítica.

O retrato desenhado de Capote é preciso, não tem como não se emocionar junto com a trajetória e sentir-se dentro da trama, como se fosse parte integrante de toda a história. Além de Marilyn, passamos a conhecer o cantor Frank Sinatra, a família Kennedy e outras celebridades da época. Muitos foram grandes amigos de Truman, mas devido ao seu compromisso com a literatura, Capote traiu a alta sociedade para alimentar narrativas. E ao fim, foi odiado quase na mesma medida que foi amado um dia.


Truman sabia ser comicamente trágico e podemos perceber essa característica em sua biografia, além de como a vida dele passou de uma inocente ironia para uma piada sem graça. Sem dúvida alguma, Gerald Clarke conseguiu fazer uma das melhores biografias de todos os tempos, demonstrando realmente como são os problemas, como a identidade de gênero e o alcoolismo.

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