home historia Infojorn radio video olharsocial equipe

terça-feira, 25 de abril de 2017

Uma prisão de silêncio: a difícil situação do jornalismo na Turquia

Resquícios da fracassada investida militar contra o governo em 2016 assombram o jornalismo turco até os dias de hoje.


Na manhã desta terça-feira, dia 25, Gabriele del Grande, jornalista que foi detido na Turquia enquanto realizava pesquisa para seu livro sobre refugiados sírios, pisou em solo italiano. O rapaz havia sido preso no último dia 9 em meio a uma onda de violência institucional por parte do governo turco, que vem sendo cada vez mais forte desde a tentativa fracassada de golpe militar em Julho de 2016.

A prisão de del Grande repercutiu nas redes sociais onde internautas do mundo inteiro subiram a tag #freeGabriele, e chamou a atenção para a violência que a liberdade de expressão vem sofrendo há tempos no país. De acordo com documento oficial do Comitê Internacional de Proteção aos Jornalistas, a Turquia é o país que mais prende jornalistas no mundo, sendo a maioria das detenções efetuadas sob a acusação de “propaganda terrorista”.

Campanha para a libertação de Gabriele del Grande (fonte: Twitter)

O homem apontado pelo presidente turco Erdoğan como o mentor da investida contra o governo, é o teólogo e escritor Fethullah Gülendiversos intelectuais e jornalistas são presos sob a denominação de “Gulenistas” e acusados de incluir mensagens subliminares em seus artigos e programas de televisão. A arbitrariedade das prisões está na falta de evidências tangíveis e discussões concretas acerca das ações dos acusados, grande parte das penas são baseadas em documentos superficiais, que por sua vez foram fundamentados em interpretações políticas de informações presentes nos meios de comunicação.

População turca sai às ruas em protesto. (fonte: Reuters)

Em suma, as acusações criminalizam publicações que possuam algum tipo de crítica simplesmente a associando a grupos criminosos (chamados pelo governo de terroristas).O caso ByLock é o exemplo mais explícito da face autoritarista do dito “governo democrático” comanda a Turquia atualmente. Há algum tempo atrás, o serviço de inteligência turco descobriu que Gulenistas usavam o aplicativo ByLock para se comunicar, a partir disso, qualquer indivíduo que fizesse o download do software passou  ser preso e acusado de pertencer a rede Gulenista.

A reação do presidente à tentativa de golpe está um encarceramento de cada vez, sufocando a liberdade de expressão. O líder turco explora a crise gerada não apenas para punir os soldados amotinados, mas também para reprimir qualquer dissidência política que ainda exista no país. É como se o falho levante militar fosse um cheque em branco que o permite aniquilar seus inimigos políticos e cercear liberdades individuais com a finalidade de manter a democracia”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário