Uma viagem inesquecível com Eliane Brum
Eliane Brum, autora de O Olho da Rua, publicado em 2008. Foto: Divulgação |
Como
alguém submerso pela maré. Foi assim que fiquei ao ler o livro O Olho
da Rua, de Eliane Brum. Só que ao invés de água, me afundei no choro.
Não consegui conter a emoção com tamanha delicadeza e compaixão no retrato das
histórias.
Publicado
em 2008 pela Editora Globo, a obra é uma coletânea de 10 reportagens da autora
para Revista Época.
Ao
ler os capítulos, comecei a viver as narrativas contadas pela jornalista:
Conheci
as parteiras da Amazônia e suas experiências em "pegar meninos".
Acompanhei a complexidade dos conflitos por terras em Roraima e a vida de
idosos numa casa de repouso do Rio de Janeiro. Fiquei triste ao
saber que o desempregado Hustene não conseguia mais comprar Danoninho para os
filhos e senti a preocupação dos moradores da Terra do Meio por conta da
grilagem.
Respirei
fundo diante os relatos de mães que tiveram seus filhos mortos pelo tráfico de
drogas e vi o quanto um pedaço de metal dourado representa na vida das pessoas.
Admirei a cumplicidade dos habitantes de um país chamado Brasilândia e
torci para Eliane Brum completar o curso de meditação intensa, que lhe
proporcionou uma baita dor nas costas. No último capítulo, dei adeus a uma
guerreira que alimentava crianças famintas, mas, que no fim da vida, não tinha mais prazer em cozinhar e comer.
Mas
o que mais me chamou a atenção é o lado humano dessa repórter, que ao final de
cada reportagem do livro, abre o coração ao contar os erros da profissão, até
com pedidos de perdão aos seus personagens.
Isto é jornalismo literário. Descobrir grandezas nos pequenos
detalhes da vida, olhar a realidade de maneira profunda, saber escutar as
fontes e se esvaziar de preconceitos, tudo com a intenção de construir
histórias reais, mas com um toque de arte. É como uma melodia, tem ritmo e
sentimento.
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