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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Colunista do Estadão diz que insistência em declarações é a praga do jornalismo


Se você é daqueles jornalistas que fazem a matéria com aspas atrás de aspas , é bom prestar atenção em algumas dicas.

Embora reconheça que o cenário está mudando, o vice-presidente da Abraji e jornalista do Estadão, José Roberto de Toledo, diz que há uma praga no jornalismo que insiste em trabalhar somente com declarações. Com a evolução, existe a tendência pela coleta e contextualização de dados como informações, o que na opinião dele vale muito mais. O profissional abordou o assunto durante o Seminário de Controle da Corrupção, realizado nesta terça-feira, 4, pelo Ministério Público Democrático (MDP).

Para o jornalista, os dados brutos “valem muito mais do que uma entrevista e mentem menos do que os políticos”. Porém, é preciso que os veículos de comunicação comecem a investir em profissionais capacitados para lidar com tantos bancos de informações. “Precisamos empregar outros tipos de profissionais nas redações e se a gente não fizer isso não vamos nos aperfeiçoar e nos habilitar para usar as novas técnicas”. Toledo ressalta que, atualmente, o problema não é mais a falta de informação, mas sim a grande demanda. “Se nós jornalistas não conseguirmos filtrar isso, estamos fadados à extinção”.

É fato que, de acordo com ele, o profissional de comunicação é mal orientado e formado. “Temos cerca de 500 cursos de jornalismo no Brasil. Nos EUA são 100. Ou seja, não temos professores capacitados para dar aula em tantas faculdades”. O investimento em disciplinas que abordam o cruzamento de dados é praticamente zero no País, avalia.

Toledo afirma que uma das saídas para o profissional é aprender na prática, isso se “o jornalista tiver a sorte de pegar uma redação que tem algo a ensinar”. Outro ponto abordado e ressaltado por ele é o papel do jornalista. “Não temos que julgar, condenar ou investigar. Cabe a nós contar bem uma história de corrupção e [cabe] às autoridades combater”.

 “Precisamos de imprensa livre com educação, informação e divulgação dos fatos. Isso aumenta a possibilidade de se perceber atos não compatíveis com princípios republicanos", argumentou Maria Teresa. Além de tornar visível os problemas brasileiros, outro ponto importante a ser resolvido tem ligação aos cargos. “No Brasil há 90 mil cargos de confiança. Nos EUA são 10 mil e na Inglaterra, 300. Então, quanto maior é o número de pessoas a disposição do governo, maior é a chance da ideia de que é dando que se recebe. É maior a possibilidade de corrupção”.

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