Se você é daqueles jornalistas
que fazem a matéria com aspas atrás de aspas , é bom prestar atenção em algumas
dicas.
Embora reconheça que o cenário
está mudando, o vice-presidente da Abraji e jornalista do Estadão, José Roberto
de Toledo, diz que há uma praga no jornalismo que insiste em trabalhar somente
com declarações. Com a evolução, existe a tendência pela coleta e
contextualização de dados como informações, o que na opinião dele vale muito
mais. O profissional abordou o assunto durante o Seminário de Controle da
Corrupção, realizado nesta terça-feira, 4, pelo Ministério Público Democrático
(MDP).
Para o jornalista, os dados
brutos “valem muito mais do que uma entrevista e mentem menos do que os
políticos”. Porém, é preciso que os veículos de comunicação comecem a investir
em profissionais capacitados para lidar com tantos bancos de informações.
“Precisamos empregar outros tipos de profissionais nas redações e se a gente
não fizer isso não vamos nos aperfeiçoar e nos habilitar para usar as novas
técnicas”. Toledo ressalta que, atualmente, o problema não é mais a falta de
informação, mas sim a grande demanda. “Se nós jornalistas não conseguirmos
filtrar isso, estamos fadados à extinção”.
É fato que, de acordo com ele, o
profissional de comunicação é mal orientado e formado. “Temos cerca de 500
cursos de jornalismo no Brasil. Nos EUA são 100. Ou seja, não temos professores
capacitados para dar aula em tantas faculdades”. O investimento em disciplinas
que abordam o cruzamento de dados é praticamente zero no País, avalia.
Toledo afirma que uma das saídas
para o profissional é aprender na prática, isso se “o jornalista tiver a sorte
de pegar uma redação que tem algo a ensinar”. Outro ponto abordado e ressaltado
por ele é o papel do jornalista. “Não temos que julgar, condenar ou investigar.
Cabe a nós contar bem uma história de corrupção e [cabe] às autoridades
combater”.
“Precisamos de imprensa livre com educação,
informação e divulgação dos fatos. Isso aumenta a possibilidade de se perceber
atos não compatíveis com princípios republicanos", argumentou Maria
Teresa. Além de tornar visível os problemas brasileiros, outro ponto importante
a ser resolvido tem ligação aos cargos. “No Brasil há 90 mil cargos de
confiança. Nos EUA são 10 mil e na Inglaterra, 300. Então, quanto maior é o
número de pessoas a disposição do governo, maior é a chance da ideia de que é
dando que se recebe. É maior a possibilidade de corrupção”.
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