O Fantástico (Rede Globo) realiza concursos de moda, o Domingo Espetacular (Rede Record) divulga dicas para um relacionamento amoroso perfeito, o Conexão Repórter (SBT) dedica um programa inteiro sobre "as mil faces" da apresentadora Eliana e os tradicionais Cidade Alerta (Rede Record) e Brasil Urgente (Band) sensacionalizam tragédias.
O jornalismo depende da televisão, assim como depende do rádio e dos meios impressos.
Entretanto, mesmo partindo de uma mesma fonte - a essência jornalística ou essência das notícias - o telejornalismo se difere dos demais, intercalando entre as notícias, matérias cujo único objetivo é o divertimento.
Continuando os debates sobre os limites do jornalismo, fica a segunda pergunta: Se a televisão é um meio de entretenimento, cabe aos telejornais a função de entreter?
Para debater é preciso entender a televisão.
Diferentemente do jornal, a televisão não tem como objetivo informar. Quando se compra um jornal, a pessoa busca a leitura, o conhecimento dos fatos.
Nas revistas e nos rádios, o funcionamento é similar. Apesar de não serem veículos plenamente jornalísticos, as revistas e os rádios são segmentados fazendo com que o leitor/ouvinte saiba o que encontrar ao sintonizar ou ler estes produtos.
Exemplos: a revista Tititi é sobre novelas, a rádio CBN só veicula notícias.
Na televisão, ocorre-se uma variedade de atrações.
Cada canal pode possuir programas de culinárias, séries, filmes, programas de auditório, reality shows, entre outros. O problema é que mesmo que se varie o público-alvo de cada atração, a programação televisiva tem o mesmo objetivo: entreter.
Os desenhos divertem as crianças, as receitas são para as donas-de-casa, o futebol é direcionado ao público masculino e as novelas ao público feminino. É claro, estas regras não são extremas e as atrações podem atender diferentes públicos além do público-alvo inicial.
Mas, onde entra o telejornalismo? Ele deve entreter também?
Se considerarmos as normas jornalísticas, não. Entretanto, não é isso que ocorre.
A partir do momento em que eu tenha um programa jornalístico que aproveita de histórias de novelas para buscar pautas (Profissão Repórter sobre as verdadeiras avenidas Brasil) ou que eu use o telejornal para promover atrações da emissora (Fantástico e Domingo Espetacular realizam matérias sobre festas de lançamento das novas novelas das emissoras, Salve Jorge e Balacobaco), podemos deduzir que essas normas saíram de vigor e entraram as imposições do veículo, do canal ou até mesmo do entretenimento em si.
Usar o jornalismo para entreter não é algo ruim, os programas "A Liga" (Band) e "Conexão Repórter" (SBT) são exemplos de atrações que já souberam equilibrar essas duas vertentes. O importante é o equilíbrio, a dosagem entre o que é jornalismo e o que não é.
No mais, torçamos para que o telejornalismo volte a ser jornal ou aguardaremos o Plantão Globo Urgentíssimo sobre a triste queda de vendas do show da Lady Gaga...
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