home historia Infojorn radio video olharsocial equipe

quinta-feira, 23 de março de 2017

Jornalismo: de mocinho a vilão

A Imprensa está no Tribunal 

À esquerda, ministro Gilmar Mendes; À direita, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot
Charge: Quinho/EM/D.A.Press


O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros prevê que o interesse da sociedade às informações que lhe afligem diretamente deve prevalecer, como diz o Artigo 2º, item I: 

A divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica - se pública, estatal ou privada - e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.

A importância da imprensa é inquestionável. Foi protagonista no processo de redemocratização do Brasil e hoje também tem papel relevante na grande repercussão da Operação Lava Jato realizada pela Polícia Federal, contra a corrupção. Mesmo com todos os contraditórios no levantamento das notícias, que envolvem investigações, fontes em off, vazamentos direcionados ou não, não se pode condenar o jornalismo de um crime que não cometeu, pois sua função é informar. 

A credibilidade que os profissionais de comunicação têm conquistado nas últimas décadas é proveniente da liberdade de imprensa, garantida pela Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 5º, sobre Direitos Fundamentais:

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

E também, no Artigo 220: 
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

Protegidos pela Constituição Brasileira e com créditos de uma sociedade carente de todo o tipo de serviços, o jornalista deve fazer a sua parte, ser leal com o público e levar o mesmo a reflexão dos fatos. 

No último dia 19, a ombudsman da Folha de S. Paulo, Paula Cesarino Costa, afirmou em sua coluna que os 16 nomes que vazaram na imprensa, dos 83 citados na delação da Odebrecht, em segredo de Justiça, foram informados por representantes do Ministério Público Federal em entrevista coletiva em off.  

Paula Cesarino Costa, ombudsman do jornal Folha de S. Paulo
Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

De repente, a crítica e o esclarecimento da jornalista despertaram um debate entre o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o procurador-geral da República Rodrigo Janot. O primeiro propôs o cancelamento das provas da investigação da Lava Jato por conta do vazamento e o segundo nega a existência deste. 

Dentro da polêmica, o jornalismo, de mocinho, pode se transformar em vilão da história. Porém, não se deve esquecer que o público tem o direito de saber todas as coisas, como disse Bill Kovach e Tom Rosenstiel no livro Os Elementos do Jornalismo:


A primeira lealdade do jornalismo é com os cidadãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário