Eu não tenho o feminismo a flor da pele, apesar dos ideais deste exalarem através de atos e palavras minhas. Mas me vi atordoada quando li a seguinte frase: "O jornalismo é, tradicionalmente, uma profissão masculina".
Glória Maria no começo de carreira - Anos 80 |
Cresci assistindo a Sandra Annenberg, a Patrícia Poeta e, em uma pesquisa interna da nossa agência, expus meu sonho em me tornar como a Glória Maria (momento em que pude reparar ser a única, entre os sondados, que tinha uma mulher como figura a se espelhar).
Quando me coloquei a pensar, lembrei de poucos nomes masculinos na mídia televisa e, na visita à Folha S. Paulo, avistei tantas mulheres que me rendi a uma pesquisa particular: quem domina a área? Mulheres ou homens?
Em 1939, quando deu-se início a profissionalização da carreira, apenas 2,8% dos jornalistas na grande São Paulo eram mulheres. As redações eram pensadas e construídas para um ambiente de trabalho masculino. Nem havia banheiro para as funcionárias.
Em uma publicação da Revista ALTERJOR (Ano 02, Volume 01, Edição 03), da Universidade de Comunicação e Arte – USP, o jornalista José Hamilton Ribeiro, relatou: "No Estadão, à noite, quando fervia o trabalho jornalístico, as mulheres não eram aceitas nem na mesa telefônica. Havia mulheres como telefonistas, mas só durante o dia. À noite, um homem é que operava. Mulher podia ser telefonista, faxineira ou servia para fazer o café: circulava na área de serviço (RIBEIRO 1998: 31)”.
Fátima Bernardes - Anos 80 |
Bem como na área de trabalho, as mulheres também constituem as pautas jornalísticas do momento. O movimento feminista e todas suas manifestações é uma preocupação efetiva nas redações. Como tratar este assunto? É apenas uma relevância jornalistica ou é necessário tomar partido? Em entrevista com o Portal Comunique-se, a Editora-Chefe da Band News FM, Sheila Magalhães colocou um ponto final nessas questões: “Na escolha da pauta, o gênero não deveria se sobrepor ao fato jornalístico, a relevância jornalística. Quer dizer, não vamos falar deste assunto porque supostamente interessa às mulheres. O tratamento do ouvinte deve ser como um público heterogêneo".
No mais, claramente o jornalismo não é uma mídia e nem um trabalho masculino, até porque, sou uma mulher, sou feminina, sou leitora e sou jornalista!
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